Edi Nascimento
18/05/2025
Por que Portugal está tão mal na literacia financeira — e o que isso diz sobre ti?
Portugal ocupa consistentemente um dos lugares mais baixos nos rankings europeus de literacia financeira. Segundo um estudo da Comissão Europeia, apenas 25% dos portugueses consegue responder corretamente a perguntas básicas sobre inflação, juros e diversificação de risco, colocando-nos abaixo da média da União Europeia. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reforça o cenário preocupante: em 2020, Portugal ficou entre os países com menores níveis de literacia financeira entre os jovens adultos.
Mas o que é que isto significa, na prática? Significa que uma larga fatia da população portuguesa não compreende conceitos financeiros simples, o que afeta diretamente decisões do dia a dia — como fazer um orçamento mensal, poupar de forma eficiente ou evitar dívidas com juros abusivos. Esta falta de conhecimento traduz-se em poder de compra reduzido, mais dificuldade em sair de ciclos de pobreza e maior vulnerabilidade a crises económicas.
Enquanto países como a Alemanha, os Países Baixos ou a Suécia têm sistemas de ensino que integram a educação financeira desde cedo, em Portugal este tema continua ausente das escolas e é frequentemente ignorado nas famílias. O resultado? Uma geração que entra no mundo adulto sem saber negociar um crédito, sem compreender o impacto da inflação ou sequer saber o que são juros compostos.
E os efeitos estão à vista. Portugal é dos países europeus com maior taxa de endividamento das famílias de baixos rendimentos e um dos que mais depende do consumo a crédito. Segundo o Banco de Portugal, o número de pessoas em incumprimento com créditos ao consumo aumentou nos últimos anos, refletindo escolhas mal informadas e impulsivas. Mais grave ainda: quem não entende de finanças tem menos hipóteses de investir, criar riqueza e garantir uma reforma tranquila.
Mais do que números, estamos a falar de liberdade. Quem domina os conceitos financeiros básicos consegue planear, decidir e agir com autonomia. Já quem os ignora, fica refém do sistema — aceita as condições que o banco oferece sem questionar, cai facilmente em armadilhas como créditos rápidos ou cartões com taxas altíssimas, e vive constantemente com a sensação de que o dinheiro “nunca chega”.
Esta realidade não afeta apenas indivíduos. A literacia financeira fraca contribui para uma economia menos resiliente, onde há menos investimento produtivo, menor capacidade de poupança agregada e menos inovação. Num país onde mais de metade da população diz não conseguir fazer face a uma despesa inesperada de 500€, segundo o Eurostat, o impacto social é profundo.
E o mais preocupante? Muitos nem sabem que não sabem. Há uma falsa sensação de segurança em “guardar dinheiro no banco” ou “não mexer em investimentos porque são arriscados”. Mas não perceber como a inflação consome lentamente o poder de compra, ou como diversificar o que se tem guardado pode proteger o futuro, é já um risco em si.
A literacia financeira não é um luxo. É uma necessidade. É tão essencial como saber ler, escrever ou usar um telemóvel. Ignorá-la tem um preço — e já o estamos a pagar todos os dias.
É por isso que o Investor Talks existe.
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